O inverno relativamente seco e a primavera com baixa umidade e boa luminosidade estão favorecendo as lavouras de cevada no Brasil. No total, o país conta com cerca de 80 mil hectares semeados, com a expectativa de altos rendimentos na cultura. A colheita já começou em São Paulo e deve iniciar em meados de outubro na Região Sul, onde está 97% da área.
A cevada, como os demais cereais de inverno, é dependente das condições climáticas, sendo a chuva na época da colheita o maior problema. Nas últimas três safras, a cevada brasileira atingiu bom rendimento, mas baixa qualidade, boa parte da safra não atingiu os padrões exigidos na indústria cervejeira. Em 2009, metade das 150 mil toneladas colhidas foi destinada à alimentação animal, com preços até 20% abaixo da cotação do milho.
Nesta safra, o clima está trazendo bons resultados na colheita paulista. O rendimento da cevada irrigada com a cultivar BRS Sampa está com média de 5 mil kg/ha. O rendimento e a qualidade supreendeu produtores de São Paulo que devem dobrar a área de 2 mil hectares para o próximo ano.
Na Região Sul, a colheita da cevada começa em meados de outubro e a expectativa é colher média de pelo menos 3 mil kg/ha. No Paraná, que conta com 45 mil hectares, a seca que atingiu a cevada em agosto, fase de formação do potencial de produção, pode comprometer um pouco o rendimento, além de problemas com doenças como ferrugem da folha e oídio, que exigiram, em alguns casos, três aplicações de fungicidas para o controle.
No Rio Grande do Sul (30 mil ha) e em Santa Catarina (3 mil ha), o oídio apareceu cedo, resultado da abundância de orvalho, seguido de dia ensolarado. O oídio prejudica o desenvolvimento das raízes e pode diminuir o número de espigas, mas é facilmente controlado com uma aplicação de fungicida.
Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, o cuidado a partir de agora é com manchas foliares, principalmente a mancha marrom e a giberela que podem ser favorecidas pela elevação da temperatura acompanhada de umidade. "A aplicação preventiva de fungicidas indicados pode ajudar a evitar maiores danos por essas doenças" avalia Minella, alertando que algumas doenças do trigo não atacam a cevada, como a bacteriose, que tem assustado triticultores, mas ainda não foi registrada na cevada.