O plantio da soja na região começa em outubro, mas a maior concentração se dá no mês de novembro. No momento os agricultores têm efetuado a dessecação das áreas onde serão implantadas as lavouras e também tratamento químico onde foi detectada a presença de plantas daninhas, especialmente a buva. A tendência é de que a oleaginosa ocupe nos 70 municípios de abrangência da Emater, 816 mil hectares – cerca de 2% a mais do que a área ocupada em 2009. Esse percentual é parte da migração do milho, que teve redução de cultivo em 6,6%, comparando com a safra anterior.
A buva tem sido a principal planta daninha na cultura da soja, com perdas que podem chegar a 70% no rendimento final. As plantas de buva devem ser eliminadas antes da semeadura, com dessecação num período de 25 a 30 dias antes do plantio da soja. "Para conferir se o controle foi eficiente, é preciso esperar cerca de 10 dias e avaliar se ainda existem plantas daninhas rebrotando", explica o pesquisador da Embrapa Trigo, Leandro Vargas. A dessecação deve ser feita assim que as plantas daninhas germinarem, com área foliar suficiente para absorver o herbicida.
Outros cuidados consistem em usar sementes livres de plantas daninhas, limpar bem a semeadora, eliminar invasoras de área próximas, como cercas e bordas da lavoura e investir sempre na rotação de culturas.
Para evitar problemas com resistência da buva aos herbicidas, devem ser usados produtos com diferentes mecanismos de ação, um na dessecação, outro na emergência e, se necessário, ainda um terceiro na pós-emergência. "A resistência de plantas daninhas pode aumentar em três vezes o custo da lavoura", alerta Vargas. Após a dessecação, o tempo de espera para a semeadura pode variar de 10 a 60 dias, dependendo da escolha do produto. O importante é começar cedo para corrigir eventuais falhas no controle.
Em virtude da atuação do La Nina, o agrônomo da Emater, Ataídes Jacobsen, diz que muitos agricultores têm demonstrado interesse em antecipar a semeadura da soja, mas ele enfatiza que deve-se tomar cuidado em função do zoneamento agrícola. Porque em uma situação de financiamento da lavoura, ele pode vir a perder a cobertura do Proagro implantado fora da época recomendada e até mesmo se optar por alguma cultivar que não esteja relacionada dentre aqueles indicados no zoneamento agrícola de soja para o Rio Grande do Sul.
Jacobsen diz que apesar de todos institutos de meteorologia indicarem a atuação do fenômeno La Nina, não se tem à informação de qual o período a precipitação pluviométrica será mais escassa. Por isso, a recomendação é de que não seja feita a antecipação de plantio ou até mesmo uma corrida de semeadura de cultivares mais precoces para amenizar os efeitos negativos de uma possível estiagem. "O ideal seria que as providências já tivessem sido tomadas: solo bem fertilizado, e com bastante cobertura, naturalmente tem perda menor de umidade. Medidas curativas não existem para o caso de uma estiagem", destaca.
Fonte: Jornal Diário da Manhã