A projeção para a safra 2010/2011 divulgada pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), aponta para uma redução na área de milho e uma elevação no caso da soja. A Superintendência Técnica da CNA avalia que três fatores explicam a alta dos preços da soja no mercado internacional. A seca na Europa, que reduziu a oferta de grãos, especialmente de trigo, levou os compradores a buscarem outros produtos. A segunda é a previsão de produção menor de soja nos Estados Unidos. O último levantamento da USDA estimou que a produção dos Estados Unidos, maior produtor mundial, será de 91,85 milhões de toneladas, volume inferior à previsão anterior de produção de 92,76 milhões de toneladas. Portanto, a alta no preço do grão não se justifica pela colheita dos EUA, mesmo porque ela continua muito boa e já está praticamente encerrada.
Oscilação
O gerente comercial de grãos da Cotrijal, Irmfried Schmiedt aponta como um dos fatores determinantes, a demanda crescente de alimentos por parte da China, que absorveu cerca de 18% das exportações do agronegócio brasileiro entre janeiro e setembro deste ano. Porém, segundo ele, o fator que melhor explica a alta volatilidade do mercado nesta época do ano é o movimento dos Fundos Internacionais. "Existe muito dinheiro no mundo e neste aspecto, os Fundos entram no mercado, fazendo subir ou descer, comprando, vendendo. São os principais responsáveis por esta oscilação", explica Schmiedt, acrescentando que quem comanda os Fundos, se baseia em informações de mercado, e a principal delas é relacionada com o aumento do consumo chinês, "além da eventual seca no Mato Grosso, eventual geada precoce nos Estados Unidos ou no Sul do Brasil. Todos estes fatores ajudam alguém tomar uma decisão com impacto direto no mercado de commodities". E a tendência, segundo ele, é que o mercado da oleagionosa continue sofrendo grandes oscilações, "a não ser que surja outra commoditie mais interessante para estes Fundos migrarem".
Câmbio
A volatilidade do mercado se acentuou a partir do mês de setembro, quando a média do mês saltou para US$ 10,61 e em outubro para US$ 11,62, chegando agora em novembro, com uma elevação de 39% no bushel de soja em pouco mais de quatro meses. Para o dirigente, este cenário para o mercado de soja é muito positivo. "A tendência é que o mercado de soja vai continuar bom. Não quer dizer que vai subir muito mais. Agora, transformar este preço bom lá fora, em reais aqui dentro, vai depender da política cambial brasileira”, destaca se referindo a volatilidade do dólar, que ameaça eliminar ganhos de produtividade e frear o índice de rentabilidade dos agricultores. Para ele, a taxa de câmbio ideal seria de R$2,00. "Com R$2,00 o dólar, nossos preços seriam bem mais convenientes. E isso só vai depender agora da ‘moral" da presidente Dilma lá fora. Se o conceito dela for melhor ou igual do que teve o Lula, a tendência é piorar, porque mais dólares vão entrar no Brasil para ganhar os juros aqui. Porém, o que parece é que a política financeira do próximo governo está praticamente definida, e ficando como está, a taxa cambial não deve melhorar", prevê.
Rentabilidade
Pelo menos um terço da produção de soja já está vendida e a tendência é que o mercado possa compensar os riscos enfrentados por causa do La Nina. De acordo com o levantamento da Fecoagro, o lucro previsto na saca de soja de 60 kg é de 33,46%, com perspectiva de custos em R$ 31,47 e preço de R$ 42,00. Isso, se as condições climáticas e de mercado permanecerem favoráveis. As receitas e custos tiveram por base uma produtividade esperada de no mínimo 40 sacas/ha. O custo total por hectare ficou em R$ 1. 258,78 e o custo variável em R$ 710,10.
Fonte: Diário da Manhã