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Ciência a serviço do agronegócio

Ciência a serviço do agronegócio Responsável por 25% do Pro­­duto Interno Bruto (PIB) nacional e um terço dos empregos, o agronegócio começa o ano em clima de expectativa. 2011 anuncia um novo ci­­clo de expansão do setor, que en­­frentou, nos últimos anos, preços baixos, quebras de safras e crises econômicas. Mas reagiu se profissionalizando e, há uma década, sus­­tenta praticamente sozinho o saldo positivo da balança comercial brasileira. Nos bastidores das estatísticas está o avanço tecnológico, que dinamizou produção e mercado e transformou o Brasil em uma potência agropecuária internacional.

Com a pesquisa, o país potencializou sua vocação natural para a agropecuária e é hoje uma das maiores economias agro do mundo. A transformação da roça rumo à modernidade começou na década de 70, quando o melhoramento genético convencional fez a soja prosperar no solo ácido e arenoso do Cerrado. Recobrando o fôlego a cada nova técnica revelada desde então – como a análise de solo, o plantio direto na palha, a adubação de sistema, o plantio de culturas consorciadas, para citar algumas –, a revolução tecnológica voltou a explodir no campo na última década, depois que a engenharia genética tornou as plantas mais resistentes a pragas e doenças.
Em quarenta anos, o Brasil am­­pliou em 29% o plantio de grãos, mas, graças a um ganho de 147% na produtividade, a produção triplicou. A soja, que tinha área inexpressiva, é hoje o carro-chefe da pauta de agroexportações do país. A cana-de-açúcar que antes servia apenas para fazer caldo, cachaça e rapadura agora é transformada em açúcar e etanol e ganha o mundo. O ca­­fezinho virou gourmet e hoje serve até aos mais refinados e exigentes paladares europeus. Os ganhos foram alicerçados em tecnologias geradas nos laboratórios da Empresa Brasileira de Pes­­­­quisa Agropecuária (Em­­bra­­pa) e de instituições públicas e privadas que integram o Sistema Na­­cio­nal de Pesquisa Agrope­­cuária (SNPA) e que ajudam a promover a profissionalização do setor. Ao produtor, a biotecnologia proporciona maior rentabilidade via aumento de produtividade e redução de custos. À indústria, oferece maior eficiência e qualidade. Ao consumidor, apresenta os alimentos funcionais, enriquecidos com nutrientes e mais saudáveis. "Os desafios da agricultura são cada vez mais complexos e o arsenal tecnológico da biotecnologia é um grande aliado. O que vai definir o sucesso da agricultura neste século serão características mais complexas", diz o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Claudio Brondani, referindo-se às sementes modificadas que combinam mais de um atributo, como tolerância a herbicida e resistência a insetos. Hoje existe apenas um evento de milho transgênico combinado no mercado brasileiro. Para a safra que vem, as empresas de biotecnologia preparam mais variedades combinadas, tanto de milho como de soja de algodão. Mas a próxima grande promessa são mesmo as linhagens de culturas capazes de florescer mesmo com escassez de água. Nos Estados Unidos, a indústria promete para os próximos cinco anos o lançamento de uma semente de soja to­­lerante à seca. No Brasil, a Embra­pa Soja trabalha, desde 2003, no de­­­­sen­­volvimento de uma variedade capaz de enfrentar períodos mais secos, mas o início dos testes a campo ainda aguarda de autorização da Comissão Técnica Na­­cional de Biossegurança (CTNBio).