Dificuldade de diagnóstico prejudica o combate; rotação de culturas e uso de cultivares resistentes são principais formas de controle
Patógenos de difícil controle, fácil disseminação e que parasitam praticamente todas as culturas de importância econômica. Essas características definem os nematóides, cujos prejuízos vão desde a destruição de mudas até a redução de produção. A dificuldade para identificação prejudica o diagnóstico, a conscientização dos produtores e, consequentemente, a adoção de medidas de controle. De acordo com a fitopatologista Tatiane Dalla Nora, da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), de Cascavel (oeste), os nematóides podem atacar a planta em qualquer fase do desenvolvimento, mas os danos são maiores quando parasitam desde o início de seu desenvolvimento.
Ao penetrar as raízes, os nematóides estabelecem um sítio de alimentação e se movimentam nos tecidos das plantas, ocasionando dano mecânico. Contudo, segundo Tatiane Nora, os maiores prejuízos geralmente são causados pela ação tóxica das substâncias que os nematóides injetam nas plantas. Em resumo, os nematóides danificam o sistema de absorção de água das plantas, reduzindo os nutrientes e causando perda de rendimento. No campo, os sintomas aparecem em reboleiras, causando às plantas nanismo, amarelecimento, menor resistência ao estresse hídrico ou extremos de temperatura - sintomas típicos de deficiência de nutrientes. Em altas populações, podem causar morte prematura das plantas.
De acordo com Tatiane Nora, os nematóides de galhas podem parasitar variedades de milho suscetíveis sem expressar os sintomas radiculares típicos de formação de galhas. "É muito importante destacar que híbridos de milho têm reações diferenciadas quanto à resistência ao parasitismo dos nematóides de galhas. Existem genótipos de milho com maior resistência à reprodução do nematóide e outros que permitem sua franca reprodução", salienta.
Soja
Os quatro principais nematóides que atacam a cultura da soja no Brasil são: nematóide de galhas - que causa engrossamento nas raízes - nematóide de cisto; nematóide das lesões radiculares e nematóide renifome. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Waldir Pereira Dias, os nematóides de galhas e das lesões radiculares são os que estão mais distribuídos nas lavouras brasileiras.
Segundo ele, não existem dados precisos sobre as perdas causadas por nematóides no Brasil, pois os focos são pontuais e a incidência varia de uma safra para outra. "A perda causada por nematóides varia muito por safra, mas, em média, podemos afirmar que é de cerca de 10% no caso da soja", avalia o pesquisador. O nematóide que causa maiores danos é o de cisto, seguido pelo de galhas e pelo nematóide das lesões radiculares.
Entre os fatores que favorecem o aparecimento de nematóides está a adoção de monocultura. "No Sul do País os agricultores têm mais tradição de fazer rotação de culturas e a distribuição de chuvas é melhor, por isso a soja aguenta mais e os danos causados por nematóides são menore", argumenta Dias. Além disso, no Paraná o solo é rico em matéria orgânica, que possui efeito supressor sobre os nematóides.
Fonte: Folha de Londrina