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Soja pode alcançar alta rentabilidade

Soja pode alcançar alta rentabilidade Produtores da Região do Alto Jacuí, animados com o favorecimento do clima para a cultura, estão retomando a produção de cevada, que há 10 anos ocupava uma área de 21 mil hectares. Hoje, após quatro safras consecutivas prejudicadas pelo clima adverso, a área está reduzida em pouco mais de quatro vezes, chegando a 5 mil ha. Naquele período, produtores colhiam acima de 50 sacas por hectare, mas a qualidade não era boa e, consequentemente, o preço do cereal ficava abaixo do custo de produção.

O gerente de produção da Cotrijal, Gelson de Lima, explica que a previsão é que, na safra 2011, esta área aumente, pelo menos, 30% e, a médio e longo prazo, se estabeleça entre 12 mil a 15 mil hectares na região da cooperativa, que tem sede em Não-Me-Toque e atua em outros 13 municípios da região. "A frustração em quatro safras consecutivas em função das adversidades do clima acabou afetando não só a quantidade como a qualidade dos grãos e fez com que muitos produtores da região desistissem da cultura que, assim como as demais, depende de condições climáticas favoráveis para uma produção rentável". Este ano, o clima ajudou e a safra, colhida em novembro, e que, em sua maioria, teve um rendimento qualitativo e quantitativo considerado bom.

Se o clima colaborar até março, o sojicultor gaúcho poderá colher com rentabilidade histórica. Conforme a AgRural, os altos preços em Chicago combinados com a previsão de boa safra devem resultar em renda líquida de R$ 840 por hectare, margem de 88% considerando o custo variável. No ciclo anterior, o valor foi de R$ 715,00, com 68% de rentabilidade. Segundo a analista da AgRural, Daniele Siqueira, a forte valorização em Chicago tem anulado o impacto do dólar baixo, o que favorece o produtor. Apesar do cenário positivo, o diretor comercial da Cotrijal, Irmfried Schmiedt, prega cautela. "Ao que tudo indica, o produtor terá bom rendimento, mas esse resultado oscila."

Na semana que passou, houve comercialização antecipada da safra 2010/11 no Estado por R$ 50,00 a saca para pagamento em maio. Nesta mesma época em 2010, o preço era de cerca de R$ 40,00. O presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, também alerta que é cedo para euforia. "A perspectiva é de manutenção dos atuais preços, mas o clima tem que contribuir." Ele acrescenta que a lavoura ainda precisa passar pelas fases críticas de desenvolvimento e floração. Conforme o relatório conjuntural da Emater, dos 4,08 milhões de hectares cultivados, 30% estão em desenvolvimento vegetativo e 44% em floração. Lima também destaca que a cevada é uma cultura complementar à safra de verão. "É preciso olhar o resultado da propriedade como um todo e a cevada não é uma cultura concorrente com as mais rentáveis, mas torna-se importante devido à capacidade de absorção da indústria."

Para Lima, o cultivo da cevada tem dificuldades que não dependem do produtor, como as adversidades do clima, mas o aumento da área destinada para o grão também esbarra em uma política razoável de preços. "Existe uma grande preocupação por parte do produtor em relação a frustrações na safra. Isso só será resolvido a partir da implementação de uma política de seguro agrícola e de preços." Segundo ele, é somente isso que irá viabilizar o desenvolvimento da produção e favorecer a competitividade e a demanda. Ele ressalta que a AmBev já estuda alternativas para contornar o problema e a expectativa é que novas medidas sejam anunciadas já para a safra 2011. Grão ganha força e importância

cevada ocupa a quinta posição no mundo em ordem de importância econômica e, no Brasil, a maior parte da produção tem como principal destino a indústria cervejeira. Dados da Embrapa apontam que o Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição na produção do grão, com cerca de 30 mil ha cultivados. Aproximadamente 85% da produção de cevada do país é direcionada para a industrialização de malte, 7% é reservada para semente e 8% é usada na elaboração de rações, neste último caso quando os grãos não atingem padrão de qualidade cervejeira. Segundo a Emater, as variações de produtividade na região Norte do Estado, nesta safra, ficaram entre 1,9 t/ha a 3,0 t/ha. Em algumas lavouras do Alto Uruguai, a classificação dos grãos apontou que 5% foi destinado à forragem, 15% estavam fora de padrão, restando 80% aptas à produção de malte.

A produção de cevada para a indústria cervejeira requer um maior nível de exigência, com grãos que tenham como características principais a sanidade e o poder germinativo. Segundo o gerente da Cotrijal, Gelson de Lima, é uma cultura que se encaixa muito bem no sistema de produção do Rio Grande do Sul e que, certamente, a tendência é o aumento da área de plantio na região do Alto Jacuí. "As novas cultivares, a pesquisa da Embrapa e a preocupação da integradora em oferecer condições para a produção dão suporte para que a cevada e alcance maiores índices de produtividade e de rentabilidade."

O consumo anual de malte pela indústria brasileira está estimado em 1 milhão de t, sendo 70% da demanda suprida pela importação de malte Argentino, Uruguaio, Canadense ou Euro.

Fonte:Correio do Povo Rural