Cinco meses após previsões alarmantes para a safra de verão devido à ameaça de uma seca generalizada no Estado, o governo gaúcho anunciou ontem que o pânico se dissipou. Ao revisar as estimativas de setembro, a Emater projeta a maior safra de verão da história do Estado, o que gerará efeito multiplicador na economia, considerando que 50% do PIB vêm do agronegócio e 220 dos 496 municípios gaúchos têm na atividade primária sua principal fonte de sustento. "Uma safra de grãos muito boa representa grande perspectiva para a indústria, para cadeias produtivas como as de carnes e outros setores, como comércio e serviços", observou o secretário de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan. Além da safra farta, os preços de milho e soja estão altos e o produtor conseguiu plantar com menor custo, o que se traduzirá em maior renda. Por isso, será a hora de eliminar dívidas, opina o economista Argemiro Brum, da Unijuí.
Com os efeitos do La Niña localizados na região Sul, onde está a maioria dos 20 municípios em situação de emergência, os números da Emater indicam recorde de 23,619 milhões de toneladas de arroz, milho, soja e feijão (1 e 2 safra) frente à produção histórica de 23,084 milhões de t do ciclo passado. Se toda safra de verão fosse vendida hoje ao preço médio de balcão, o Valor Bruto de Produção (VBP) chegaria a R$ 13 bilhões, dinheiro circulando diretamente na economia gaúcha. Apesar do bom momento, o VBP poderia ser superior não fossem os preços baixos do arroz e do feijão, ressalva o consultor da Fecoagro Tarcísio Minetto. No passado, o VBP do RS já chegou a R$ 15 bilhões.
Ironicamente, as duas culturas são as que puxaram a estimativa de recorde, com crescimento de 15,9% na produção do arroz e de 22,57% na de feijão. A virada do jogo também está na recuperação das projeções de produtividade de milho e soja, fruto do clima favorável. No milho, a queda de produtividade anterior de 14,61% foi revisada para 4,2%. Na soja, o recuo de rendimento passou de 14,21% para 2,68%. O presidente da Emater, Lino de David, ressaltou que os números do milho só não melhoraram mais em função da dura estiagem na região Sul. Em Bagé, por exemplo, o recuo previsto é de 13,92%, o maior entre as regiões avaliadas. Para a soja, os números ainda podem subir.
Fonte: Correio do Povo