A boa situação climática da região nos últimos meses proporcionou o desenvolvimento das plantas de soja e uma boa formação das vagens. Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Mércio Strieder, o desenvolvimento da soja está consistente e acima do que se esperava em função das condições climáticas. "Além das condições climáticas, algumas práticas adotadas pelos produtores fez com que a soja se desenvolvesse e ficasse inclusive mais alta que o normal", esclarece o pesquisador. O rendimento efetivo da cultura ainda não está definido porque o ciclo da safra termina em março e abril com a colheita, porém já está acima da expectativa em função das condições climáticas.
A umidade foi maior nestes meses de La Niña, o que propiciou o aparecimento da ferrugem na soja, porque o fungo precisa de uma lâmina de água para penetração. "Nossos produtores estão realizando um trabalho de monitoramento que já é uma prática difundida entre os agricultores. Hoje os danos são menores quando seu aparecimento em outras safras", explica Strieder.
Outro problema que cresce a cada safra é o aparecimento de buva nas plantações. "São raras as lavouras que não tem infestação. É um problema que a pesquisa e assistência juntamente com produtores deve assumir práticas para eliminar este mal que está se intensificando", relata o pesquisador.
Ano após ano se repete o apelo dos produtores para que haja variedades precoces para a antecipação de colheita, com média de cinco dias a cada ano. "Esta condição pode ser perspectiva de antecipação de colheita, mas não uma condição climática", afirma Strieder
Com as condições climáticas adequadas as plantas estão mais altas, com uma média de 20cm sendo que alguns casos atingem 1m de altura. “Uma planta mais alta pode acarretar em acamamento, causando efeitos negativos na produção dependendo da época que ocorre. Se for perto do florescimento às perdas são maiores, já se acontecer em período mais tardio, de preenchimento de grãos, aí os prejuízos são maiores”, explica ele. O que pode ocorrer onde as plantas ficaram muito acima do tradicional é que o produtor, na hora da colheita terá de ajustar a altura da plataforma para evitar que o grão fique na lavoura.
O pesquisador finaliza que se as condições permanecerem como estão, haverá a confirmação de safra de soja recorde no Estado. "Há ótimas condições para que a safra fique acima da expectativa inicial e considerando que o momento também é bom para o preço, o produtor terá um ótimo resultado com esta safra", conclui Strieder.
CLIMA E TECNOLOGIA ELEVAM PRODUTIVIDADES
As lavouras de soja do município de Não-Me-Toque, por exemplo, devem registrar produtividades médias de até 65 sacas por hectare. "Algumas, inclusive, dependendo da tecnologia, do manejo e do cultivar utilizado, podem surpreender e atingir 80 sacas por hectare. Sem dúvida, será uma grande safra", acredita o engenheiro agrônomo da Cotrijal, Jones Gelain. Conforme ele, o desenvolvimento do grão, em raras áreas produtivas do município, apresenta excelentes condições de estrutura, projetando as altas produtividades. "Em alguns pontos, as chuvas não foram tão bem distribuídas e incidiram em um volume menor do que o esperado. Então, pode haver uma redução nas produtividades".
Antecipando-se as expectativas iniciais de que a interferência da La Niña no regime de chuvas do Estado afetasse a produtividade das lavouras, muitos produtores optaram por variedades precoces, buscando proteger a planta e evitar que, durante o período de germinação do grão, uma possível estiagem causasse danos irreversíveis. "Por conta disso, nos próximos 10 a 15 dias, um bom número de produtores de Não-Me-Toque devem começar a colheita", afirma Gelain, prospectando que, em praticamente toda a região de abrangência da Cotrijal, as colheitas dêem bons resultados. "O clima foi favorável à cultura e o produtor fez o que podia para precaver-se, utilizando técnicas adequadas de manejo, fazendo as aplicações de químicos no período ideal e aproveitando o que a tecnologia traz como diferencial".
Fonte: Jornal Díário da Manhã
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