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Clima cria contraste de produtividade no Sudeste

Divididos por um clima traiçoeiro, os produtores do Sudeste do Brasil veem um contraste nos rendimentos das lavouras de soja e milho nesta safra. Enquanto Minas Gerais começa a contar os estragos causados pelo excesso de umidade do último mês, São Paulo comemora o melhor ano de produtividade, constatou a Expedição Safra Gazeta do Povo. Em cerca de 2 mil quilômetros percorridos nos dois estados na semana passada, técnicos e jornalistas puderem conhecer de perto a principal característica do fenômeno La Niña na região: a irregularidade no regime de chuvas.

Com a colheita alcançando metade da área plantada, os produtores do Triângulo Mineiro estão frustrados com os rendimentos obtidos nas plantações tardias. De acordo com o presidente da Cooperativa dos Em­­presários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim), Luiz Henrique Borges Fernandes, áreas que há um ano já haviam concluído os trabalho hoje têm apenas 50% da soja a salvo. "O ano farto está se transformando em prejuízo. A produtividade mé­­dia da região tem ficado em 2,4 mil quilos por hectare, contra 3,6 mil quilos nos primeiros talhões. Além da perda de peso, está havendo um desperdício muito grande porque as vagens abriram após as tempestades e as altas temperaturas", relata. Em Uberaba, já choveu cerca de 600 milímetros em março, metade do previsto para o ano inteiro na região, informa a Certrim.

Outra preocupação que aflige os mineiros está relacionada à comercialização. Segundo a Certrim, o porcentual vendido antecipadamente atingiu 70% nesta safra, contra média de 50%. O agrônomo da cooperativa Gustavo Mansur acredita que alguns produtores não vão conseguir cumprir parte dos contratos. O agricultor Álvaro José dos Santos é um deles. "A soja ardeu, os armazéns já recusaram três cargas que enviei. Acho que não vou conseguir entregar tudo o que eu vendi", lamenta.

"A soja ia dar mais de 3,6 mil quilos por hectare, mas onde colhemos rendeu menos de 3 mil.", calcula José de Assis Martins, gerente da fazenda Jacarandá, em Uberaba. Inconformado com a situação, o proprietário da área decidiu passar as plantadeiras com sementes de sorgo sem retirar o grão podre do campo. Essa tem sido uma prática comum em algumas regiões de Uberaba, diz o agrônomo da Certrim.