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Forte demanda por fertilizantes indica perspectiva de lucros

Passados os impactos da crise financeira internacional sobre o setor de fertilizantes, a forte demanda do agronegócio brasileiro pelo produto indica a perspectiva futura de lucros e tem estimulado a entrada de novos competidores nesse mercado, que deve passar por uma nova onda de investimentos. A avaliação consta do estudo "Panorama do Mercado de Fertilizantes", da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, publicado no mês de maio. Com a análise, a Seae inaugura a divulgação de estudos setoriais elaborados pela secretaria e que ficavam restritos à leitura interna. Apesar de a Seae garantir que o trabalho não tem qualquer relação com a elaboração de um novo código mineral no país, o estudo está disponível para uso do governo. Um exemplo da movimentação do setor citado no trabalho de 35 páginas é a chegada da Vale nesse mercado. "A empresa sinaliza com a possibilidade de uma futura oferta pública inicial de ações (IPO), e evidencia o desejo de se consolidar no mercado de fertilizantes", escreveram os técnicos da Seae, citando que, além da intenção de concentrar os ativos (adquirindo plantas de nitrogênio, potássio e fósforo), a companhia tem estratégia de ampliação de marketing share amparada nos planos de investimentos. Conforme a Consultoria Coinvalores, citada no texto, os investimentos destinados a projetos de fertilizantes representam 10,4% do plano anual da empresa, correspondendo a US$ 2,5 bilhões para este ano. Apesar da indicação de novos entrantes, a secretaria lembra que o setor é "altamente concentrado" e que a dependência brasileira dos fertilizantes importados é "notória". Prova disso, segundo o documento, é o forte impacto relativo dos fertilizantes na balança comercial brasileira, especialmente no setor químico. "Uma das principais razões para que a oferta doméstica seja altamente inelástica é a própria dotação de fatores de produção do país, pois as fontes de nitrogênio, potássio e fósforo nacionais são insuficientes, subaproveitadas e/ou de difícil lavra". A concentração de mercado, no entanto, não é uma característica apenas brasileira, de acordo com o estudo. A Seae ressalta que essa industria é relativamente concentrada em todo o mundo, tanto em termos de países, como de empresas. Os motivos que geram limitação de oferta de produto, na análise da secretaria, são basicamente técnicos: alto custo do investimento em mineração e energia e existência de recursos naturais. "Esses aspectos são cruciais para explicar a alta recente dos preços internacionais no período 2002-2007, visto que houve aumento do consumo de insumos de fertilizantes - a demanda mundial foi capitaneada pelo acelerado crescimento das economias de China e Índia - enquanto a oferta permaneceu limitada", comentaram os técnicos da Seae.

Consumo A secretaria lembrou que o uso de fertilizantes no Brasil atingiu 24,48 milhões de toneladas no ano passado, das quais 15,27 milhões de toneladas foram provenientes de importações e 9,34 milhões de toneladas, de produção doméstica. Em relação a 2009, houve aumento de 11% na produção doméstica e de 38% das importações, indicando a retomada do consumo após a forte queda de 2008/2009. O estudo cita que as vendas de fertilizantes no Brasil em 2010 atingiram 24,48 milhões de toneladas ante ao pico de 24,61 milhões de toneladas em 2007, refletindo a recuperação da demanda.

A relação entre produção doméstica e consumo total estava em 43% em 2009, mas diminuiu para 38% no ano passado, devido à forte retomada das importações. O aumento das compras, conforme a Seae, reflete a valorização do real e a atividade no setor. A relação entre produção doméstica e importações ficou em 62% e houve um crescimento de 38% nas importações em relação a 2009. Com a retomada das vendas domésticas, os estoques brasileiros atingiram 61 mil toneladas no ano passado. "Registre-se que os estoques em 2008 e 2009 foram negativos. Pode-se afirmar que 2010 apresentou a retomada do mercado de fertilizantes após a dinâmica negativa da crise financeira internacional na agropecuária brasileira. Esta melhora reflete a volta do consumo dos agricultores brasileiros que, com uma visão mais clara das condições de preços internacionais, tanto de fertilizantes quanto das commodities agrícolas, além das cotações do real frente o dólar mais valorizado, tomaram a decisão de voltar a aquisições de fertilizantes", avaliaram os técnicos.

  AGÊNCIA ESTADO