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Lavoura de trigo deve avançar até 15%

A elevada demanda de produtores gaúchos por sementes de trigo nas últimas semanas reforça as expectativas de uma safra positiva no Rio Grande do Sul. Entidades ligadas à agricultura calculam incremento da área de plantio para até 950 mil hectares, um crescimento de 15% sobre os 844 mil hectares da safra anterior. "Os produtores já começaram o plantio e estão otimistas com a safra em função da redução da área de cultivo no Paraná, onde houve migração para o milho safrinha, da perspectiva de liquidez e das vantagens apresentadas pelo mercado ao trigo tipo pão (mais indicado para a produção de farinha)", afirma Hamilton Jardim, coordenador da Comissão do Trigo da Farsul.

O plantio se iniciou em maio e tomará este mês, mas em algumas regiões, como os Campos de Cima da Serra, se estenderá até 10 de julho. A colheita ocorre entre outubro e dezembro. O custo de desembolso neste momento está entre R$ 850,00 e R$ 950,00 por hectare, valor que deverá ser compensado diante do preço mínimo estabelecido pelo governo federal de R$ 477,00 pela tonelada do cereal.

O mercado estará à mercê dos baixos estoques do governo e de compradores internacionais, viabilizando uma boa demanda dentro e fora do País. "O produtor terá de garantir uma produtividade para recolher entre 45 e 50 sacas por hectare e assim alcançar uma boa renda, ou seja, de 30%", diz Jardim, reforçando que a melhor semente neste momento é cereal pão tipo 1, com boa encomenda das indústrias.

Luiz Ataídes Jacobsen, assistente técnico da Emater-RS, lembra que as previsões até agora são de um clima favorável à produção tritícola no Rio Grande do Sul, com algumas chuvas e sem problemas de umidade. "As condições climáticas e o mercado favorável poderão viabilizar uma boa safra, embora não tanto quanto a safra passada, que foi excepcional", observa. O cenário externo, em particular, oferecerá boas oportunidades de negócios. A seca nas regiões produtoras na Europa poderá manter os preços a bons níveis e abrir possibilidades de exportação. A safra anterior registrou até fevereiro embarques de 2 milhões de toneladas, marcando um cenário incomum de exportação tritícola do Estado.

As projeções da Emater-RS são menos otimistas do que as da Farsul. O órgão prevê que a área de trigo no Estado deve passar de 795,6 mil hectares registrados em 2010 para 844,3 mil neste ano. Apesar da área plantada ser maior, a produção deve sofrer uma redução de 13,5%, caindo de 2,13 milhões de toneladas em 2010 para 1,84 milhão neste ano. Dessa forma, a produtividade média das lavouras deve cair de 2.681 quilos por hectare (kg/ha) para 2.186 kg/ha. Até agora as projeções estão se confirmando, observa Jacobsen.

Liberação de crédito para custeio e investimento cresce 19% neste ano A aplicação do crédito rural na agricultura empresarial, entre julho de 2010 e abril deste ano, foi de R$ 76,4 bilhões do total de R$ 100 bilhões disponíveis para a safra atual. Se comparado com mesmo período da safra passada, quando foram liberados R$ 64 bilhões, houve crescimento de 19% nas aplicações de custeio, comercialização e investimento no setor. Os recursos destinados ao custeio e à comercialização alcançaram R$ 57 bilhões no período, o que representa 75% do valor previsto para a safra (R$ 75,5 bilhões). A taxa de juros aplicada na concessão do crédito varia de 6,25% a 6,75 % ao ano.

Para os programas de investimento, foram disponibilizados R$ 18 bilhões na safra 2010/2011. Desse total, R$ 10,5 bilhões são destinados às ações que utilizam recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Já foram financiados R$ 4 bilhões do montante disponível. No mesmo período da safra 2009/2010, foram utilizados R$ 3 bilhões.

Com relação ao total previsto para investimentos com linhas de crédito especiais a juros controlados (R$ 6,4 bilhões), foram aplicados R$ 8 bilhões. Somente o Programa de Sustentação do Investimento (PSI-BK) aplicou R$ 4,9 bilhões, com juros de 5,5% ao ano, para compra de máquinas agrícolas. Se comparado com julho a abril de 2009/2010, houve crescimento de 40% na liberação de recursos dessa linha especial.

Quanto ao crédito rural destinado a cooperativas, o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) liberou R$ 2,3 bilhões, o que representa um aumento de 656%, se comparado com mesmo período da safra anterior, no qual o valor liberado foi de R$ 316 milhões. Outros R$ 977 milhões foram contratados pelo Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), que equivalem a 49% do previsto (R$ 2 bilhões).

Por meio do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram liberados R$ 985 milhões, entre julho de 2010 e abril de 2011, para os médios produtores rurais. No custeio e comercialização do programa, o valor financiado chega a R$ 3,1 bilhões, ou 79% do previsto para o período (R$ 3,9 bilhões). Os recursos liberados representam aumento de 51,6%.

Fonte: Jornal do Comércio