A produção brasileira de alimentos está em forte crescimento e deve levar o país a se tornar o maior fornecedor do mundo nos próximos dez anos. Esta é estimativa do estudo "Brasil - Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021", do Ministério da Agricultura (Mapa). De acordo com o relatório, a produção brasileira de grãos deve crescer 23% no período, quando a área cultivada tende a aumentar 9,5%. A expectativa é de um volume superior a 175,8 milhões de toneladas colhidas em 2021. Além dos grãos, as apostas para ampliar produção e exportação são as carnes, com avanço geral previsto de 27%.
Para o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, isso só não acontecerá caso ocorra uma depressão dos preços agrícolas. "O país tem potencial para se tornar o maior fornecedor de proteínas animal e vegetal do mundo." Atualmente, o país é segundo maior fornecedor do planeta, graças a liderança dos embarques de carnes de frango e bovina, açúcar, café e suco de laranja. A expansão, contudo, pode esbarrar em três fatores: redução do crescimento da economia mundial, problemas climáticos e crescimento do protecionismo, enumera o coordenador de Planejamento e Estratégia do Mapa, José Garcia Gasques.
Para acompanhar o ritmo nacional, o Rio Grande do Sul precisa dar um salto nos níveis de rendimento. "O Estado terá que desempenhar um grande esforço para ser competitivo. Investimentos em pesquisa, tecnologia e novas variedades serão vitais", diz Gasques. Ele acredita que pecuária e setor florestal serão os carros-chefes do agronegócio gaúcho nesta fase. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, criticou "a falta de conhecimento da produtividade no RS, do grau de utilização de terras e da pluralidade de culturas". Sperotto acredita que os investimentos em tecnologia têm crescido nos últimos anos e os produtores estão dispostos a investir ainda mais.
Apesar de considerar os indicativos do relatório coerentes, o consultor Carlos Cogo questionou o fato de o governo não abordar problemas, como logística e infraestrutura, e de os dados de partida da pesquisa serem defasados. O estudo considera a tendência histórica dos últimos 35 anos. "Se não temos sequer a capacidade para armazenar a safra atual, quem dirá para mais 20%." Hoje, segundo Cogo, 65% do escoamento ocorre pela malha rodoviária, enquanto países como Argentina e Estados Unidos transportam 75% de sua produção por ferrovias e rodovias. "Nossos portos estão na beira do limite da tragédia. Não há como ampliar."
Entretanto, o especialista concorda com Gasques que o Estado terá que investir na melhoria da produtividade Segundo Cogo, enquanto o Paraná atinge uma média 7,9 toneladas por hectare no milho, o Estado está em 5,1 t/ha. Na soja, o hiato se repete. Com média de 2,8 t/ha, os gaúchos só ganham do Piauí e do Maranhão, ficando, inclusive, abaixo da média nacional, que é de 3,1 t/ha.
A única cultura em que o Estado destaca-se é no arroz, com 7,6 t/ha. No entanto, a crise de preço deve fazer com que a produção do cereal se mantenha estável no próximos anos, diferentemente do que aponta o estudo.
DE OLHO NO RS
Produção Arroz: +23,6%
Produção Soja: +11%
Produção Trigo: +20,6%
Produção Milho: sem projeção Fonte: Ministério da Agricultura