Foto: Natália Fávero
A maquete ambiental representando uma propriedade rural dentro dos padrões da legislação e a estação experimental de industrialização do leite mostram alternativas e soluções para o crescimento da produção leiteira com qualidade
A maior feira técnica e dinâmica da Cadeia Produtiva do Leite da Região Sul desperta expectativa nos visitantes. Com 86 expositores mostrando as potencialidades do setor e o caminho do leite - Via Láctea distribuído em estações experimentais ao longo dos 25 hectares da feira proporcionam alternativas, conhecimentos e experiência.
As vinte e duas estações experimentais do evento são locais que permitem aos visitantes conhecerem na prática como funciona a cadeia produtiva envolvendo a qualidade do leite, a nutrição do gado leiteiro, os equipamentos, o gerenciamento, a sanidade dos rebanhos, a qualidade animal e as estações de campo.
Entre as estações, duas delas são novidades e prendem a atenção dos expectadores. Conforme o presidente da feira, Ari Rosso, uma trata do meio ambiente e a outra sobre a industrialização da produção leiteira.
Presidentes da Cotrijal e Emater visitam Maquete Ambiental
A maquete ambiental faz parte de uma das estações da Emater. O gado leiteiro, a sede da propriedade, os riachos, o banhado, a sanga, a nascente de água e as mudas de árvores foram construídos em uma maquete com aproximadamente 50 m². O engenheiro agrônomo da Emater e coordenador do Programa Florestal Metade Norte, Ilvandro Barreto Melo, explicou que o objetivo principal é a adequação legal e ambiental respeitando as leis vigentes. "Primeiro é necessário preservar as Áreas de Preservação Permanentes (APPs). Depois fazer a instalação dos 20% da Reserva Legal e em seguida organizar a parte produtiva da propriedade", disse Melo. Conforme o responsável pela construção da maquete, o Coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Não-Me-Toque, Celso Siebert foram sete dias de trabalho que contou com a ajuda de extensionistas da Emater.
Como construir uma propriedade rural respeitando o meio ambiente dentro da legislação?
-Primeiro passo:
É necessário achar os pontos frágeis da propriedade conhecidos como Áreas de Preservação Permanentes, como nascente de água, riacho, sanga e banhado, além de topo de morros e inclinações superiores a 45º. "Fizemos a recomposição de todas as APPs em função da vegetação nativa utilizada para recompor os topos de morros e as inclinações acima de 45º, a mata ciliar nas margens do riacho, nas fontes e no banhado", explicou o engenheiro da Emater.
-Segundo passo:
A exigência é manter os 20% da Reserva Legal da propriedade, que é a área destinada à manutenção de recursos naturais como floresta nativa e campo nativo. Dentro da Reserva legal também estão o sistema agroflorestal e o agrosilvopastoril. "O sistema agrosilvopastoril possibilita a produção do leite, da carne, do grão e da madeira em um mesmo espaço de tempo, em uma integração entre a lavoura, pecuária e floresta".
-Terceiro passo:
Depois de cuidar das APPs e da Reserva Legal é necessário cuidar da área de produção, como a de grãos, de madeira, plantio de pinos, a criação de peixes, a instalação do gado leiteiro, a sede da propriedade e a floresta de eucaliptos. "A floresta de eucaliptos é muito importante para a geração de energia, de lenha e a oportunidade de fazer tábuas e palanques para a reforma das instalações. O eucalipto substitui a utilização da floresta nativa", explicou Melo.
Industrialização do leite
A estação da industrialização do leite, do Centro de Pesquisa em Alimentação (CEPA), da Universidade de Passo Fundo (UPF), traz a questão do consumo do leite, a preocupação com a qualidade e a industrialização do produto que pode ser feita na propriedade rural. Segundo o coordenador do Cepa, Jorge Schulz, os produtos vão para degustação e os produtores conhecem como funciona a produção.
Uma outra questão é a industrialização dos produtos. Muitos produtores querem saber como fazer este investimento. "Aqui fornecemos informações de como fazer o leite de saquinho, o iogurte, o queijo e a bebida láctea na propriedade rural", contou Schulz.
Custos
O empresário Jaime Luiz Lang, de uma empresa de equipamentos laticínios informa que o custo dos equipamentos para a industrialização depende do desejo e da produção do produtor. "Se ele preferir o leite envasado no saquinho, o custo será entre 40 a 80 mil reais. Para uma mini queijeira, o investimento pode chegar há 30 mil. Uma iogurteira e uma queijeira pode custar cerca de 20 mil reais", informou o empresário. O agricultor Maurício Portinho de Abreu Gomes, do município de Jóia resolveu investir no setor leiteiro e na industrialização do leite na sua propriedade. "Comecei a pouco tempo. Comprei duas vacas há dois meses e produzo cerca de 8 a 10 KG de queijo por dia. Eu quero industrializar todo o leite que extrair transformando em queijo. Isso vai agregar valor ao produto", disse o agricultor.
Fonte: Diário da Manhã Passo Fundo