Conforme a colheita avança no Meio-Oeste dos Estados Unidos, a safra norte-americana vai ganhando contornos mais definidos. Com 19% da soja e 21% do milho fora das lavouras, o consenso na região é que, apesar do clima instável, o desempenho final não será tão ruim como se previa há um mês. Por outro lado, os produtores não registram safra tão cheia quanto gostariam.
Enquanto alguns estados atravessaram as adversidades climáticas sem grandes sustos, como é o caso de Iowa, outros, como Missouri, encerrarão a temporada com produtividades abaixo da média histórica, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo, que percorre a região nesta semana. Prejudicadas por uma onda de calor em julho e por tempestades de ventos que acamaram as plantas, as lavouras de milho do estado estão rendendo até 50% menos que o projetado inicialmente.
Com 75% do milho colhido, Stan Mulley conta que perto de metade de sua safra foi perdida para o clima. Na fazenda que mantém no município de Cameron, no Noroeste do Missouri, investiu para colher mais de 200 sacas do cereal por hectare, mas, ao final dos trabalhos, o rendimento médio deve ficar próximo de 100 sacas.
"Acho que o vento levou uns 20% da safra e outros 30% foram embora com o calor. Se tivéssemos tido pelo menos uma boa chuva em julho, poderíamos fechar com produtividade dentro da média histórica, que é de 110 sacas por hectare", relata o administrador da fazenda, Charlie Wattenburg.
Para tentar minimizar os prejuízos com o vento, ele instalou na colheitadeira de milho um equipamento especial que levanta as plantas do chão e as empurra para dentro da plataforma. "Ajuda, mas não resolve. Ainda sobram muitas espigas no chão e isso reduz bastante a produtividade", diz Wattenburg.
Esses casos são extremos, observa Nate Hahn, revendedor de máquinas New Holland em Cameron. O estado deve ter rendimento próximo à média histórica para milho e soja, observa.
Jornal do Povo