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Investimentos na cevada prometem boa safra

Investimentos na cevada prometem boa safra Variedades que estão disponíveis têm alto potencial, o que encoraja o produtor a investir mais e apostar em bons resultados

Com a chegada do final do ciclo da cevada, produtores estão torcendo para que os próximos meses sigam com clima estável, com bastante luminosidade e chuvas na medida certa. Os 30 mil hectares da cultura no Estado serão colhidos no final deste mês e, segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Euclydes Minella, a expectativa para a produtividade é de três toneladas por hectare, devido às novas cultivares que estão sendo implantadas. "O clima é o maior inimigo da produção, mas as variedades que estão disponíveis têm alto potencial, o que encoraja o produtor a investir mais e apostar em bons resultados", explica ele.

De acordo com o pesquisador, a cultura está presente principalmente nas pequenas propriedades, sendo que grandes produtores também não cultivam áreas extensas de cevada, levando em conta que é mais vantajoso apostar em diversas culturas. A comercialização no Brasil é especificamente para fins cervejeiros, sendo que o mais importante é a liquidez da produção. "No Brasil, após terminar a colheita os produtores entregam a cevada para a indústria e não precisam mais se preocupar com a conservação do produto, o que não ocorre com outras culturas, por exemplo", confirma Minella.

Os custos são, aproximadamente, R$ 800 por hectare, com um bom investimento, e produção de três toneladas. "Desta forma, o produtor vai colher pelo menos o dobro em receita", indica. Ele ressalta que esta é uma alternativa de inverno interessante, pois tem um sistema reticular um pouco diferente do trigo, além de ser mais precoce e sair antes da lavoura. "Porque quem planta soja quer semear na melhor época, então quanto antes melhor. Em geral, mantidas as proporções, uma lavoura de soja acaba tendo mais potencial em cima de uma de cevada", comenta.

O clima dos últimos meses favoreceu a lavoura de cevada, com bastante chuva e frio. "Este ano houve certo atraso, demorou mais para espigar em função das baixas temperaturas, e quanto mais demorada esta parte vegetativa, antes de florescer, em geral a planta tem mais tempo para potencializar a produtividade, aumentando o seu rendimento", destaca.

Mercado em alta É sempre mais vantajoso comercializar a cevada para a indústria cervejeira e, como salienta Minella, o mercado está favorável, pois a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), em Passo Fundo, absorve a produção. "E, este ano em especial, o preço do milho estando bom se consegue um excelente comércio para aquela cevada que não atinge um padrão cervejeiro, por alguma razão, e pode ser vendida como matéria-prima da ração animal", observa o pesquisador.

A região tem alto potencial de expansão desta área, conforme Minella, especialmente pela maltaria que será instalada em Passo Fundo, e que iniciará a construção em breve. "Certamente absorverá grande parte da produção, e poderíamos quadruplicar a área. A indústria aqui vai valorizar o produto, pois hoje temos que levar a Porto Alegre com custos em logística. E, sendo local, o produtor acabará incorporando o valor do frete", complementa ele.

Diário da Manhã - Passo Fundo