Ao garantir concentração de medidas, governo pretende diminuir incertezas antes do plantio
Pela primeira vez, a partir do ano que vem, produtores brasileiros terão um plano safra para culturas de inverno, com ênfase em trigo e milho safrinha. Segundo o ministro interino e secretário executivo do Ministério da Agricultura (Mapa), José Carlos Vaz, esta é uma das "boas novidades" prometidas, ontem, pelo ministro Mendes Ribeiro Filho para o seu retorno ao comando da Pasta no próximo dia 7. Há dez dias, Mendes foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um tumor no cérebro. Vaz ressaltou que a ideia é concentrar esforços em uma ação "orientada e forte". O plano definirá recursos, mecanismos de apoio à comercialização e preço mínimo, tudo antes do plantio. Até então, os produtores dessas culturas plantavam no escuro, cercados de incertezas.
O consultor Argemiro Brum acredita que a principal vantagem é que o produtor poderá se planejar com antecedência. "Hoje, somente as empresas são beneficiadas. Os triticultores acabam tendo que tomar suas decisões antes do plantio." Também professor da Unijuí, Brum acredita que, para eliminar essa lacuna, o plano tenha que ser anunciado até o final de abril de cada ano. Seguro agrícola, valorização das cooperativas, escoamento e investimentos em ciência e tecnologia são, conforme Brum, alguns itens prioritários para o trigo.
O setor tritícola gaúcho elogiou, mas fez ressalvas. Para o presidente da Comissão de Trigo da Farsul, Hamilton Jardim, a medida sinaliza a atenção do governo federal para uma política de recuperação de renda do produtor. No entanto, segundo ele, ainda há muito chão pela frente. "Existem gargalos que precisam ser vencidos como o alto custo de produção e a falta de armazéns públicos credenciados."
Já o presidente da Câmara de Culturas de Inverno e presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, acrescentou a entrada de produtos importados como entrave a ser superado. "O plano precisa contemplar garantia de preço e liquidez." Polidoro estima que o volume de recursos necessário para custeio gire entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões para a área de 2,5 milhões de hectares, com custo de produção de R$ 900/ha.
Fonte: Jornal Correio do Povo