Na região de Carazinho 1.220 produtores rurais donos de áreas com até 50 hectares devem R$ 25 milhões, acumulados nos últimos oito anos. Eles terão mais prazo para quitar o débito
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carazinho, Hélio Bernardi, aposta em um novo momento para os pequenos produtores por ocasião da possibilidade de renegociação de suas dívidas junto ao mercado financiador, como os bancos. "Nos quatro municípios da região (Carazinho, Coqueiros do Sul, Santo Antônio do Planalto e Almirante Tamandaré do Sul) os quais atuamos, os pequenos agricultores somam R$ 25 milhões em dívidas que foram se acumulando nos últimos oito anos", comenta o presidente do STR. De acordo com Bernardi, os débitos foram formados com os financiamentos de custeio agrícola e de investimentos dentro da propriedade rural, como aquisição de maquinários. "O governo ao dar garantias que irá estender o prazo para que os pequenos saiam da inadimplência bancária está dando um novo fôlego a eles, que são os grandes produtores de alimentos deste país", comenta o líder sindical.
Para Bernardi, poder parcelar em até 10 anos a conta atrasada dá tranqüilidade aos pequenos que poderão, uma vez confirmado pelo Conselho Monetário Nacional, a renegociação da dívida, buscar novos recursos para aplicarem em suas propriedades. "Mesmo não sendo o que desejávamos, em termos de tempo para o pagamento da dívida em atraso, a medida dá uma esfriada no êxodo rural que anda a golpe dentro das pequenas propriedades rurais", salienta Bernardi. O presidente do STR explica que uma vez regulamentada a cédula única o produtor terá mais clareza sobre o seu débito, que poderá ser pago em até 10 anos. Ele cita como exemplo um produtor com dívida de R$ 25 mil.
Meses de negociações antes do acordo
O presidente da Fetag, Elton Weber, esteve em Brasília no dia 13 de outubro participando da reunião do Grupo de Trabalho que trata do endividamento agrícola com o ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. “Foram meses de discussões nos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e Fazenda e agora as entidades e o governo federal chegaram a um acordo sobre a renegociação das dívidas dos agricultores familiares”, destaca Weber. Produtores aguardam a publicação de uma resolução pelo CMN – Conselho Monetário Nacional que deverá oficializar as decisões.
O acordo prevê que todos os agricultores familiares que possuem operações de crédito rural contratadas até o dia 30/06/2010, independente de estarem inadimplentes ou adimplentes, poderão acessar uma nova linha de crédito para a recomposição do saldo devedor. Esta nova linha de crédito será limitada a R$ 25 mil por agricultor, com prazo de dez anos para pagamento e juros de 2% ao ano. Os agricultores que estiverem com suas operações em situação de inadimplência até o dia 30/09/2011 deverão efetuar o pagamento equivalente a 3% do saldo devedor vencido e assim para poder acessar o novo recurso.
Segundo Weber, a proposta final apresentada é positiva e atende grande parte dos pleitos da categoria. No entanto, a concessão de bônus de adimplência proposto pelas entidades representativas não foi atendida pelo governo federal. A Federação acompanhará de perto a operacionalização das medidas anunciadas e cobrará dos agentes financeiros a agilidade na contratação da nova linha de crédito, tão logo seja publicada a resolução.
Diário da Manhã