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Estiagem já ameaça os gaúchos

Estiagem já ameaça os gaúchos Após o novembro mais seco da década e com a temperatura mais alta de 2011, RS deverá ter pouca chuva nos próximos mesesNo dia em que os gaúchos foram “brindados” com a mais temperatura de 2011 – com os 38°C registrados na tarde de ontem em Campo Bom, no Vale do Sinos –, os meteorologistas fizeram um alerta preocupante. O nível de chuva no verão deve ficar abaixo da média, o que, somado a uma primavera de poucas precipitações, ameaça provocar estiagem no Estado.

Hoje poderá ser ainda mais quente, com a expectativa de que os termômetros cheguem a 39ºC. As mais altas temperaturas do ano – até então, a máxima havia sido 37,5°C em 16 de janeiro, em Santa Maria – chegam ao final de um mês extremamente árido no Estado. Conforme dados da Somar Meteorologia e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o novembro deste ano foi o mais seco da última década.

Em Santa Vitória do Palmar, caíram três milímetros até ontem, apenas 3% da média do mês e o menor índice já registrado em novembro desde que começaram as medições, em 1913. Em Caxias do Sul, os 21,5 milímetros medidos até ontem representam a menor precipitação desde novembro de 1931. E em Porto Alegre – onde ontem os termômetros marcaram 35,8°C, a temperatura mais alta da primavera - choveu apenas 13,7 nos 28 dias do mês, 14% da média histórica.

Primavera gaúcha foi mais seca que o normal

Em Santa Maria, a terra já está seca e começa a preocupar os produtores rurais. No distrito de Palma, a expectativa é de que chova nesta semana.

- Se chover agora, ainda vai ficar tudo bem. Caso contrário... - preocupase Eleandro Gilberto Bolson, 24 anos, funcionário em uma propriedade rural onde são cultivadas mandioca, melancia e batata doce.

Mas novembro não foi uma exceção. Setembro já havia sido um mês de pouca chuva, com quase todos os municípios registrando índices abaixo da normalidade. Em outubro, apesar das precipitações terem ficado dentro do padrão histórico, a chuva foi irregular, concentrando-se em quatro ou cinco dias, intercalados por longos períodos de sol e tempo seco.

- Essas chuvas de primavera são importantes, porque são elas que enchem os reservatórios e os rios que abastecem as cidades - explica Estael Sias, da Central de Meteorologia.

A influência do La Niña no Estado Apesar da chegada de uma frente fria ao Estado amanhã, a tendência é de que o padrão de chuvas irregulares e abaixo da média se mantenha ao longo do verão. Os primeiros 15 dias de janeiro, por exemplo, devem ser muito secos, com as precipitações não superando 15 milímetros na maioria das regiões.

- As chuvas estão passando muito rápido pelo Estado. Praticamente toda a umidade está se concentrando no centro do país - diz a meteorologista Estael Sias.

Isso ocorre, em parte, porque este é o padrão climático do verão brasileiro. Mas esta configuração, explica Cássia Beu, da Somar Meteorologia, está sendo acentuada pelo fenômeno climático La Niña, que se caracteriza pela esfriamento das águas do Pacífico Equatorial:

- Uma das feições do La Niña é a irregularidade das chuvas no Sul. Isso não quer dizer que elas ficarão necessariamente abaixo da média, mas o intervalo entre as frentes frias será certamente mais longo, o que significa que haverá vários dias seguidos de sol.