Com safra recorde de 2,42 milhões de toneladas - conforme a Emater-RS -, o produtor de trigo tem pela frente o desafio de solucionar uma difícil equação: como escoar 1,8 milhão de toneladas que excedem a demanda no Estado. Sem o auxílio de mecanismos como os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), adiados por suspeita de fraude, o grão está parado em silos.
Entidades do setor já encaminharam aos ministérios da Agricultura, da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário um pedido para que as parcelas de custeio com vencimento em janeiro sejam prorrogadas.
- Nas últimas safras, tem havido uma falta de liquidez tremenda – afirma Tarcísio Minetto, economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).
Conforme o economista, a necessidade de trigo no Estado é de cerca de 1 milhão de toneladas. Somadas à safra recorde, as 350 mil toneladas que entram principalmente da Argentina, elevam a quantidade total do grão para 2,8 milhões de toneladas. O resultado é a sobra de 1,8 milhão de toneladas.
Produtor não conseguiu vender nenhuma saca
As opções de venda estão nos moinhos do Nordeste do país e também na exportação. Mas essas alternativas são viabilizadas com a ajuda dos leilões, como observa o presidente da Cooperativa Tritícola Regional Sãoluizense (Coopatrigo), Paulo Pires. Atualmente, dos 30% de grão comprados de produtores da região, apenas 10% foram vendidos à indústria, informa Pires:
- O produtor não consegue transformar a supersafra em dinheiro.
Com uma área de trigo de 860 hectares, o produtor Adelar Gasparin, 52 anos, de Garruchos, teve produtividade de 3.120 quilos por hectare, acima da média registrada pelo levantamento da Emater, de 2.746 quilos por hectare. Mesmo concluída a colheita em novembro, ainda espera por compradores.
- O trigo está na cooperativa. Mas não vendi uma saca até agora - conta, lembrando que no ano passado, até 20 de dezembro, havia negociado 80% da produção.