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Mais tecnologia reduziria efeitos da seca no Sul

Mais tecnologia reduziria efeitos da seca no Sul Especialistas dizem que diferenças entre propriedades vizinhas não se devem apenas à irregularidade das chuvas, mas também ao maior e ao menor uso de tecnologias

Gelson de Lima, gerente de Produção Vegetal da Cotrijal, de Não-me-Toque (RS), conta que "muitas lavouras foram simplesmente destruídas". Ele relata que, nos últimos anos, a evolução tecnológica deu passos "pontuais" e poderia ter avanço mais expressivo no uso, por exemplo, do sistema de plantio direto e da agricultura de precisão.

Ademir Machado, de Getúlio Vargas, mostra espigas de tamanho variado, de uma mesma lavoura

O potencial foi recorde, mas o rendimento varia de acordo com as condições oferecidas para cada planta No primeiro caso, muitos produtores estariam simplesmente semeando sobre a palha, sem um monitoramento das condições do solo, da concentração de matéria orgânica. No segundo, estariam usando amostras de terra de áreas dispersas para dosar a aplicação de insumos, deixando de ser precisos no prazo de plantio, na regulagem das máquinas, no controle das pragas.

O agrônomo Paulo Silva considera que é necessário mais atenção a quatro pontos cruciais: melhoria na estrutura do solo; reforço na cobertura da terra (palhada); adesão ao sistema que integra lavoura e pecuária (e que garante cobertura no inverno e amplia a renda por hectare) e uso contínuo da rotação de cultura. Em sua avaliação, essas tecnologias aumentam a absorção e a retenção de água, além de garantirem mais energia para as plantas.

Soja verde

As regiões mais tecnificadas do Rio Grande do Sul também registraram perdas, mas em escala menor. As médias de produtividade do estado ainda estão indefinidas. No milho, uma drástica redução é dada como certa. Na soja, as melhores marcas serão atingidas a nordeste. À medida que se avança a oeste, observa-se lavouras em piores condições. Mesmo assim, como muitos campos ainda estão verdes, ainda há possibilidade de recuperação parcial. A seca chegou a 50 dias em algumas coxilhas, que ainda não escaparam do déficit hídrico.

Irrigação enfrenta barreiras de custo e licenciamento Cruz Alta

Só lavouras irrigadas escaparam ilesas na região mais a oeste do Rio Grande do Sul, que adota alta tecnologia na produção de milho e soja mas está acostumada com o clima irregular. Porém, os pivôs cobrem cerca de 70 mil hectares, o equivalente a 1,5% das lavouras de soja. Ou seja, têm influência pouco expressiva nos resultados gerais da safra.

A implantação de mais pivôs é uma boa saída para a região, relata o produtor Airton Becker. No entanto, nem toda área tem água disponível e a construção de barreiras enfrenta restrições ambientais, observa. O custo, de R$ 7,5 mil por hectare, pode ser coberto pelos resultados da produção num prazo de seis a dez anos, aponta.

Contraste

Ele só planta milho com irrigação e espera colher 13 mil quilos por hectare, marca acima das alcançadas nas regiões líderes em rendimento no país. Na mesma região, Antonio Funck relata que teve “perda total” na cultura. Fez a colheita por desencargo de consciência, afirma. Em algumas áreas, o rendimento abaixo de 20 sacas por hectare não paga o diesel consumido pelas colheitadeiras.

Os produtores reivindicam programas dos governos estadual e federal que incentivem a instalação de pivôs e organizem melhor os licenciamentos ambientais. Segundo eles, faltam linhas especiais de financiamento e orientações técnicas. Além da soja e do milho, os pivôs podem ser aproveitados na produção de trigo e feijão

Fonte: Gazeta do Povo - Expedição Safra