Sinal de que Dilma vetará anistia a desmatadores deve criar resistênciaEm meio à ressaca da derrota para a bancada ruralista na votação do Código Florestal, o Planalto sinalizou ao Congresso que os trechos que garantiram anistia a desmatadores serão vetados pela presidente Dilma Rousseff. Do outro lado da trincheira, os líderes do setor agropecuário já se mobilizam para tentar derrubar as eventuais restrições da Presidência.
A partir da chegada do texto no Planalto, Dilma tem 15 dias para oficializar os vetos. Em conversa com um cacique petista, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, confidenciou que o revés na Câmara havia liberado a presidente a vetar os pontos considerados concessões demasiadas para os produtores rurais. Na visão do Planalto, se o relatório do Senado tivesse sido respaldado pelos deputados, Dilma teria ficado engessada para fazer alterações, pois havia apadrinhado a proposta.
A ministra advertiu que os trechos do texto do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) que representem anistia a quem desmatou irregularmente e os artigos que prejudicam os pequenos agricultores estariam na mira de Dilma. Questionada se o novo código poderia causar constrangimentos na conferência ambiental Rio+20, Ideli confirmou a preocupação do governo com a repercussão internacional.
– Temos a convicção de que o texto que saiu do Senado daria uma tranquilidade maior – desabafou.
Pela manhã, o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, também indicou a irritação do governo:
- Está absolutamente claro que não é aquilo que o governo esperava. A presidente vai analisar com sangue frio e tranquilidade essa questão.
Para Farsul, lei é marco, para ambientalista, retrocesso
Expoentes da bancada ruralista, escudados pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), já falam em mobilização para derrubar o provável veto.
- Espero que a presidente não queira dar satisfação para o mundo e para a opinião pública nacional - disparou Piau.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, avalia que o código representa um marco para a agricultura. Os ambientalistas, porém, estão insatisfeitos. Para Francisco Milanez, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, o país entra na contramão da história:
- Uma lei que deveria proteger o agricultor permitirá mais devastação.