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Calcário, primeiro passo para uma agricultura de precisão

Calcário, primeiro passo para uma agricultura de precisão Terceiro maior produtor de milho, o Brasil deve muito ao uso deste insumo

Destaque na produção de alimentos, o Brasil é apontado como principal celeiro para alimentar uma população mundial estimada em nove bilhões de pessoas em 2050. A abertura de fronteiras agrícolas e a descoberta de novas tecnologias para atender essa demanda está diretamente ligada à correção do solo, mais especificamente ao calcário. “Sem calcário nós não seríamos ninguém na agricultura”, afirma o pesquisador da Embrapa, João Kluthcouski. Assim como este insumo pode ser encontrado em praticamente todo território brasileiro, o milho, com produção de 53,2 milhões de toneladas na safra 2009/2010, também é uma cultura presente de norte a sul do país, e nada seria sem seu branco companheiro.

Ao lado da Argentina, o Brasil está entre os países que terão aumento significativo das exportações de milho. O crescimento será obtido por meio de ganhos de produtividade. Enquanto a produção de milho está projetada para crescer 2,67% ao ano nos próximos anos, a área plantada deverá aumentar 0,73%.

"Quando o tema é calcário e milho, é uma coisa bem obvia". Kluthcouski destaca que o primeiro passo para iniciar qualquer produção é calcariar o solo. "Você tem que usar o calcário para elevar a saturação por base pelo menos acima de 50%. E você só eleva via uso dele", diz. Ele explica que o calcário tem dois objetivos. O primeiro: suprimento de cálcio e magnésio. O segundo, correção de acidez do solo. "O calcário é uma absoluta necessidade para produzir grãos. Sem calcário, nada feito", completa.

Entretanto, a calagem não está presente no dia a dia dos produtores como devia, e isso impede que a produção de milho seja ainda maior. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), Oscar Alberto Raabe, para uma correção ideal do solo, o Brasil deveria consumir em média 63 milhões de toneladas de calcário por ano, mas em 2011 usou apenas 30 milhões. "Um produtor que coloca uma tonelada de adubo deveria colocar 2,5 toneladas de calcário para atender o nível estável de correção de solo e de produtividade, mas a realidade é outra: a proporção usada é geralmente uma porção de fertilizante para uma de calcário", comenta Raabe.

Raabe ainda enfatiza que se a quantidade ideal estimada fosse usada, a agricultura brasileira aumentaria em 65% na produção de grãos. Nas condições de solo do Brasil hoje, no mínimo 30% do fertilizante não é aproveitado pela planta por causa da acidez. "30% de 30 milhões de toneladas resulta em cerca 9 milhões de toneladas de fertilizantes posto fora. Essas toneladas de adubo que não são utilizadas, a um preço médio de R$1000/tonelada, são R$9 bilhões que são desperdiçados por não ser feita uma correção adequada de solos", estima.

Para o presidente da Abracal, o baixo consumo do calcário no país se deve a falta de conhecimento do produtor e um incentivo maior por parte do governo. "Os 50% que deveriam ser usados, e não são, precisam é de divulgação", pontua. Ele lembra que é um produto essencialmente nacional, com uma relação custo-benefício alta e com comprovado aumento de produtividade. Mas não desanima. Está confiante em uma atenção especial por parte do atual governo quanto ao Plano Nacional de Correção de Solos.

Quanto ao milho, estudo das projeções de produção do cereal, realizado pela Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa, indica aumento de 19,11 milhões de toneladas entre a safra de 2008/2009 e 2019/2020. Evoluindo e crescendo lado a lado, milho e calcário têm todas as condições de crescerem no Brasil e atenderem às crescentes demandas futuras.

Fonte: Agrolink