Resultados obtidos com o grão em áreas antes destinadas ao arroz prometem elevar área cultivada em 300 mil hectares no ciclo 2012/2013Estimulados pela valorização recorde do preço da soja, arrozeiros gaúchos apostam no plantio da oleaginosa em várzea para tentar recuperar a baixa rentabilidade das lavouras de arroz nos últimos anos. Na próxima safra, a expansão da soja em áreas até então destinadas ao cereal no Estado deverá chegar a 300 mil hectares, conforme estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
As áreas de soja em rotação com o arroz chegaram a quase 150 mil hectares neste ano - mais do que o dobro dos 66 mil hectares plantados no ciclo anterior. A diversificação da atividade, em todas as regiões produtoras de arroz, se expande à medida em que a crise no setor se agravou - em razão das oscilações de preço e altos custos de produção das lavouras.
- Os prejuízos na atividade obrigaram os produtores a buscar outra alternativa, para não depender apenas de uma cultura - aponta o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha.
A redução da produção do cereal neste ano, cerca de 2 milhões de toneladas, deve se acentuar ainda mais na próxima safra - puxada pela valorização recorde do preço da soja no mercado externo. Nesta semana, a commodity agrícola alcançou US$ 16,65 por bushel (equivalente a 27,2 quilos) na Bolsa de Chicago - a maior cotação desde julho de 2008, antes do auge da turbulência financeira mundial.
- O aumento de preço incentiva produtores a investir no grão. Devemos aumentar em 5% as áreas de soja no Estado na próxima safra - estima Pedro Nardes, presidente interino da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja).
A expansão da soja em áreas de várzea, historicamente destinadas ao arroz, é verificada na Metade Sul - principal região produtoras do cereal no Estado. A nova realidade foi encarada pelo produtor Orlando Gomes, 55 anos, que planta arroz na Fronteira Oeste. Dos mais de seis mil hectares destinados ao arroz em Itaqui, o agricultor está preparando 600 hectares de várzea e coxilha para o plantio de soja na próxima safra.
- É uma questão de sobrevivência. O patamar de comercialização da soja é outro, não tem comparação - afirma Gomes.
Com a utilização de um sistema próprio para drenagem e irrigação, por sulco, o produtor espera colher próximo de 40 sacas de soja por hectare. O estímulo para investir na rotação de soja com arroz, após experiências frustradas em anos anteriores, veio dos resultados de experimentos do Irga. Na última safra, o instituto testou o desenvolvimento da soja em 27 áreas de várzea. Com a utilização de irrigação em parte das lavouras, conseguiu-se uma produtividade média de 36 sacas por hectare - um volume considerado satisfatório para ano de seca.
- Os resultados nos encorajaram a investir mais em tecnologias adaptadas ao plantio em áreas planas e úmidas, incluindo implementos e novas cultivares - aponta o presidente do Irga, Claudio Pereira.
Fonte: Zero Hora