O evento contou com dois painéis abordando os temas: “Parâmetros de qualidade do trigo gaúcho para múltiplas opções de comercialização” e “Práticas expedidas de identificação da qualidade na recepção do grão”, presididos pelos especialistas Otoni Filho (OR Sementes), Andréas Elter (Sinditrigo/RS), Casiane Tibola (Embrapa Trigo), Luis Carlos Gutkoski (UPF), e André Cunha Rosa (Biotrigo Genética).
Durante o fórum foram discutidas questões envolvendo métodos rápidos para analisar o trigo de modo a separá-lo de acordo com as suas qualidades, aptidão tecnológica, teor de micotoxinas, e outras características importantes para a segregação, tendo como objetivo atender de forma mais específica o mercado consumidor.
Tendo como ponto de partida prioridades pré-estabelecidas em encontros anteriores da cadeia do trigo, os especialistas discutiram quais os parâmetros que, em sua concepção, deveriam ser atingidos para construir uma identidade de alta qualidade para o produto gaúcho. Entre os parâmetros apresentados, estavam níveis de cor minolta, absorção de água, teor de glúten e porcentagens de proteína, falling number, e estabilidade mínimas.
Em termos de métodos, foi destacada a importância de se ter, nos pontos de recepção do trigo, técnicas de análise mais simples e acessíveis, de modo que se possa começar a ter um controle sob a heterogeneidade que existe no campo. Nesse contexto, os especialistas frisaram a importância de se evoluir no que diz respeito à determinação e ao limite de nível, estabelecido pela legislação brasileira, de DON (desoxinivalenol) no trigo. DON é um metabólito de fungos que são denominados de micotoxinas, e está diretamente ligado a giberela, fungo comum em alguns produtos agrícolas como milho e trigo. Além dos impactos causados pelo fungo na planta, essa micotoxina pode chegar até a mesa dos consumidores, causando danos à saúde, o que aumenta a preocupação no que diz respeito ao seu controle. “Desde 2012 existe uma portaria da Anvisa que determina os níveis máximos de DON, que podem ter na farinha que vai para o consumo. O limite hoje é de 1750ppb (parte por bilhão), para 2014, esse valor cai para 1250pbb e, em 2016, espera-se chegar a 750pbb, sendo que nos Estados Unidos e Europa o nível é de 1000pbb. Para a triticultura gaúcha 750pbb é um nível bastante difícil de ser alcançado, temos que buscar junto às autoridades rever esse padrão a um nível tolerável”, explica o diretor da Biotrigo Genética, André Cunha Rosa.