Técnicos da Cotrijal participaram do curso
Estudantes, pesquisadores, técnicos e produtores reuniram-se nesta quinta-feira (18) em Passo Fundo, na Embrapa Trigo, para debater o cenário e as tecnologias para produção de canola. A cultura, que está se tornando fonte de renda durante o período de inverno no Rio Grande do Sul, ainda esbarra em algumas dificuldades para avançar em área e produtividade, mas tem demanda garantida tanto no mercado brasileiro quanto no internacional.
Na avaliação dos pesquisadores que conduziram as palestras do VII Curso de Capacitação e Difusão de Tecnologia na Cultura da Canola, o investimento em conhecimento é fundamental para que a cultura cresça em importância e rendimento no Brasil. Apesar de ter sido introduzida no país na década de 1970, a canola não atraiu o mesmo interesse da soja, por exemplo, pelas dificuldades de produção.
Em meados da década de 2000, com a criação de híbridos resistentes à canela-preta, doença que estava dizimando as lavouras gaúchas, passou a ser encarada como alternativa para o inverno e a cada ano vem atraindo novos produtores e, com isso, estimulando a pesquisa. “Já temos muitos aspectos dominados, mas ainda podemos evoluir muito em termos de tecnologias, especialmente manejo, para atingir o potencial dos híbridos de canola que hoje temos à disposição, que é de 4.500 kg/ha”, afirmou o pesquisador Gilberto Tomm, da Embrapa Trigo, que coordenou o evento.
Visando estimular o cultivo da canola e identificar ações que podem contribuir para a melhoria da produtividade e do rendimento, iniciou neste ano, com o apoio do governo federal, um projeto de pesquisa, transferência de tecnologia e desenvolvimento organizacional. O projeto é coordenado pela Embrapa Trigo e tem o envolvimento de várias outras instituições de pesquisa e ensino, prevendo investimento de R$ 8 milhões em quatro anos.
Para o coordenador técnico da Cotrijal, Fernando Geraldo Martins, um dos principais empecilhos para o aumento de produtividade da canola é a adaptação dos materiais às condições de clima do Rio Grande do Sul. “Já evoluímos bastante nos últimos anos, mas os híbridos que hoje utilizamos, plenamente adaptados às condições de clima uruguaio, argentino e canadense, por exemplo, não conseguem expressar aqui o mesmo potencial alcançado nesses países”, ressaltou. “A canola não é uma espécie rústica, e mesmo cultivando-a nas melhores áreas, com a melhor tecnologia, nos anos mais favoráveis chegamos a 30 sacos/hectare”.
O curso também oportunizou aos participantes esclarecer dúvidas sobre a semeadura e a colheita da canola, através de oficinas no campo experimental da Embrapa Trigo. Profissionais da empresa Socidisco demonstraram a distribuição correta da semente, como fazer a adequada regulagem de diversas semeadoras e ainda de cortadoras-enleiradoras e recolhedores. A Cotrijal esteve representada no evento por profissionais do Departamento Técnico que atuam na orientação dos produtores que produzem canola.
DADOS SOBRE A CANOLA NO BRASIL E NO MUNDO
Produção mundial: 61 milhões de toneladas
Demanda mundial: 62 milhões de toneladas, sendo 95% direcionadas para produção de óleo
Estoques mundiais: 5 milhões de toneladas
Produção brasileira: 70 mil toneladas, sendo o Rio Grande do Sul responsável por quase 60% da produção nacional
Demanda brasileira: a produção não é suficiente, por isso, o Brasil importa 34 mil toneladas de canola e mais 7 mil toneladas de óleo bruto.
Rádio Cotrijal: Confira entrevista com a pesquisadora Cláudia De Mori, da Embrapa Trigo, sobre cenário e custos de produção da canola. Acesse o link Rádio Cotrijal, ouça ou faça o download do material.