Sem El Niño, clima pode favorecer cultura do trigo

A projeção de que o clima do Rio Grande do Sul nos próximos meses deverá se manter dentro do que se considera normal para o estado animou os produtores que participaram do Seminário Técnico-Mercadológico da Cultura do Trigo, na manhã desta quarta-feira (24). O evento, realizado no auditório do Parque da Expodireto Cotrijal, contou com a presença de cerca de 260 pessoas.

Segundo o pesquisador Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, os anos de mais dificuldades com a cultura do trigo são aqueles em que o clima é influenciado pelo fenômeno El Niño, que, segundo os principais institutos de meteorologia do mundo, não deve se manifestar até o final de 2013. No Sul do Brasil, o El Niño provoca o aumento do volume de chuvas, o que para o trigo é ruim, pois dificulta o manejo de doenças e pode comprometer a qualidade do grão.

Baseada nessa projeção de clima, a professora Carolina Deuner, da Universidade de Passo Fundo, orientou os produtores a adotarem um bom planejamento do manejo de doenças para mantê-las sob controle. Mesmo as condições de clima não sendo tão favoráveis às doenças, ela recomendou atenção e apontou a importância de se iniciar o tratamento fúngico no perfilhamento, estádio em que se define o número de grãos por espiga.

O seminário contou ainda com palestra do pesquisador Mário Bianchi, da CCGL Tec, que apontou o caminho para o sucesso no manejo de plantas daninhas resistentes: controlá-las quando estão pequenas e em baixa densidade. Ele também lembrou a necessidade de utilizar o produto mais eficaz e a dose correta para cada situação e o equipamento adequado e bem regulado.

Encerrando a programação, Javier Alvarez de Toledo Lutz, da área comercial da Cargill, analisou o mercado de trigo para os próximos meses, informando que a oferta e a demanda mundial vão continuar sendo os principais fatores determinantes do preço. Ele justificou que a atual elevação do preço no Rio Grande do Sul deve-se em grande parte à impossibilidade de compra do trigo argentino pelos moinhos brasileiros, por determinação do governo do país vizinho.

No entanto, Lutz afirma que essa elevação não deve se manter por muito tempo, especialmente porque o Rio Grande do Sul deve colher o dobro do trigo que demanda. Em nível internacional, em se mantendo a atual projeção de produção recorde de 702 milhões de toneladas, a tendência é de queda dos preços.
Rádio Cotrijal: Confira entrevista com o pesquisador Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo. Acesse o site www.cotrijal.com.br, link Rádio Cotrijal, ouça ou faça o download do material.