Após a reviravolta no mercado do trigo na última temporada, quando as cotações atingiram patamares históricos de alta, a semeadura da safra brasileira 2013/14 tem início no Paraná e se as projeções se confirmarem, tudo indica para a maior área de cultivo das últimas quatro safras.
De acordo com o Departamento de Economia Rural, Deral, o Paraná deverá semear 1.215.364 hectares, 23% superior ao registrado na safra passada, e atingir, se o clima colaborar, uma produção na casa dos 3.639.738 toneladas, um aumento de 98% frente à 2012/13.
Entretanto, as projeções de aumento de área e produção vêm em meio a um cenário de incertezas, pois na última safra, muitos produtores perderam 100% de suas lavouras devido ao clima. Assim, para os triticultores tradicionais, o trigo está mais ligado à preservação e manejo de solo que propriamente ao fator econômico.
No mercado paranaense a média de preços nas regiões produtoras nos primeiros meses deste ano ficou R$ 823,00 a tonelada, um alta de 7,86% quando comparado a igual momento de 2013, sendo que a comercialização do cereal já supera 95%, segundo o Deral/PR.
No Rio Grande do Sul, a média em fevereiro ficou por volta de R$ 635,00 a tonelada, com alta de 4,96% em relação a janeiro, mas, ainda apresenta uma queda de 2,31% comparado ao ano passado. “Para vislumbrar o comportamento dos preços domésticos nos próximos meses, além dessas particularidades da oferta interna é preciso atentar para a disponibilidade de exportações no Mercosul, para o comportamento cambial (R$/US$) e para as projeções de oferta e demanda mundial na safra 2014/15”, aponta Elcio Bento, analista de mercado da Safras & Mercado.
A importação brasileira
Bento explica que, no Mercosul, a produção nos três fornecedores (Argentina, Paraguai e Uruguai) é estimada em 12,4 milhões de toneladas e o consumo de 6,972 mil toneladas, o que significa um superávit de 5,428 milhões de toneladas. ‘Porém, devido à necessidade de reposição de estoques na Argentina, o saldo exportável estimado é de 4,65 milhões de toneladas”, diz o analista.
A necessidade brasileira de importação de trigo em grão na temporada 2013/14 (agosto de 2013 até julho de 2014), segundo Safras & Mercado, é projetada em 6,2 milhões de toneladas, o que mostra que, se todo o saldo do Mercosul fosse direcionado ao Brasil (o que não ocorrerá), seria necessário adquirir 1,55 milhão de toneladas de países de fora do Bloco. Além disso, é importante destacar que o ano comercial brasileiro (agosto/julho) é diferente do argentino e uruguaio (dezembro/novembro).
Fonte: uagro.com.br
Texto e fotos: Adair Sobczak