Após doze semanas de baixa competitividade, período entre a última semana de fevereiro até a segunda semana de maio de 2014, abastecer com etanol voltou a ser mais vantajoso em relação à gasolina no estado de São Paulo.
O preço médio do etanol na bomba fechou na última semana de maio a R$ 1,936 por litro, redução de 5,19% desde a primeira semana do mês de março, o correspondente, portando, a 67,32% do preço da gasolina. A competitividade também foi recuperada no estado do Paraná, onde o preço do etanol correspondeu a 69,68% do preço da gasolina, menor índice nas últimas 14 semanas. No Brasil, de uma maneira geral, com exceção das regiões Norte e Nordeste, o etanol vem ganhando maior espaço frente à estabilidade do preço da gasolina.
A queda nos preços do etanol se deve ao início da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, sobretudo por conta do maior mix para o etanol no estágio inicial da temporada, o que tende a pressionar os preços. A retração do preço ao consumidor pode ser ainda maior. Nas usinas de São Paulo o preço do etanol hidratado fechou o mês de maio a R$ 1,370/litro (sem impostos), queda de 16,2% em relação ao fechamento do mês de fevereiro.
Parte dessa retração deve ainda ser transmitida ao consumidor nas próximas semanas. Em média, o mercado tem levado de 5 a 8 semanas para que a queda do preço ao produtor seja transmitida aos postos de combustíveis. Na região Norte-Nordeste, apesar do período de entressafra, o maior volume de etanol importado voltou a pesar sobre as cotações internas.
Por outro lado, o etanol pode enfrentar alguns desafios para conquistar uma fatia maior no mercado de combustíveis. Há expectativa de redução da disponibilidade de cana em 2014 no Centro-Sul por conta do clima seco que perdura desde novembro do ano passado. Muitos canaviais já apresentam perdas na produtividade agrícola. Além disso, parte da indústria não entrou em operação em tempo hábil para a colheita em função de problemas financeiros.
Diante da expectativa de menor oferta mundial de açúcar a partir do último trimestre do ano, há a possibilidade de que os preços do açúcar conduzam para cima o mercado de etanol, limitando, portanto, o espaço para a competitividade no mercado interno.
O consumo de etanol hidratado cresceu quatro vezes mais que o consumo de gasolina A entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014. O volume comercializado de hidratado no primeiro bimestre do ano atingiu 2,03 bilhões de litros, aumento de 22,4% sobre igual período de 2013. Na mesma comparação, a demanda de gasolina A avançou apenas 4,0% para 5,27 bilhões de litros.
Considerando os 25% de anidro na mistura, a demanda de gasolina C totalizou 7,02 bilhões de litros no acumulado de janeiro a fevereiro, 11,0% a acima do volume consumido em mesmo intervalo de 2013, quando a mistura de 20% estava em vigor.
Como resultado, a participação do etanol na matriz de consumo de combustíveis do ciclo Otto subiu para 36,1% na média parcial do ano, contra 33,7% em todo o ano de 2013 e 31,8% em 2012.
Fonte: Universoagro