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Fórum Florestal debate mecanização da colheita

Fórum Florestal debate mecanização da colheita Produtores tiveram contato com novos equipamentos destinados à cultura da erva-mate e colheita florestal

A redução da mão de obra na cultura da erva-mate e também na área florestal vem dificultando a produção destas modalidades e foi um dos principais fatores abordados no 8º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul, realizado durante a manhã de quinta-feira no Auditório Central do Parque da Expodireto Cotrijal. Com a redução da força de trabalho, o produtor deve buscar alternativas para continuar atuando no setor e a mecanização da colheita surge como alternativa viável, de fácil manuseio e de custo moderado.

O secretário estadual da Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, presente no evento, afirmou que os dois setores estão inseridos nas políticas públicas desenvolvidas pelo Governo do Estado. "A mão de obra qualificada está difícil em vários outros segmentos. A mecanização da colheita serve como estímulo para as culturas e contribui no fortalecimento do setor", avaliou.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/Ascar Valdir Pedro Zonin a dificuldade em se obter mão de obra foi determinante para a busca de novas tecnologias que permitam a manutenção destas culturas. "Temos acompanhado a escassez de mão de obra no meio rural e este problema afeta desde a bovinocultura leiteira, até chegar à cultura da erva-mate e da produção florestal. Estas máquinas e equipamentos podem auxiliar a reduzir a necessidade de pessoas envolvidas no processo de colheita, já que o material humano é a grande dificuldade", disse. Atualmente, o Rio Grande do Sul conta com aproximadamente 14 mil produtores de erva-mate.

Foram apresentados aos participantes do Fórum uma máquina desgalhadora, que permite ao produtor, através de duas lâminas, a separação das folhas dos galhos, armazenando somente as folhas. O equipamento é produzido por uma empresa sediada em Concórdia/SC e tem um custo aproximado de R$ 5.500,00. A máquina pesa em torno de 30 kg e pode ser desmontada e transportada facilmente por duas pessoas, mesmo número necessário para o corte e posicionamento dos galhos nas lâminas. O equipamento pode ser financiado via BNDES. Em relação ao mercado, Zonin afirmou que a cadeia produtiva da erva-mate, atualmente, está totalmente estruturada, com políticas públicas eficientes, que permitem o incentivo e o suporte necessário aos produtores. "Esta cadeia produtiva está organizada e sempre em evolução. Tivemos alguns problemas de altos e baixos, ainda precisamos melhorar o preço para o produtor, já que se o preço cair novamente poderemos ter falta de erva-mate. Neste sentido, a mecanização é imprescindível", explicou.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Mate no Rio Grande do Sul (Sindimate), Gilberto Heck, o setor ainda tem condições de crescer no cenário econômico. "Nos anos 1980, o nosso objetivo era aumentar a produtividade, o que foi alcançado. Agora, teremos de qualificar a matéria-prima e buscar novos consumidores. Temos de agregar o consumo à produção", declarou.

Tesoura elétrica reduz esforço físico

Outra inovação apresentada durante o 8º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul foi a tesoura elétrica, instrumento com tecnologia suíça. O equipamento, que é alimentado por duas baterias permite mais agilidade e precisão na poda e colheita da erva-mate. Segundo o representante da empresa que produz o artefato, a tesoura elétrica reduz também o esforço físico do operador, que em poucas horas pode aprender a manusear o instrumento com eficiência.

Erva-mate difundida em outros países

Consumida em larga escala em países como a Argentina, Uruguai e Paraguai, a erva-mate também passou a ser apreciada em outras regiões do mundo, especialmente em alguns países da Europa. A Itália e Alemanha são pioneiros no consumo da planta no Velho Continente e vem expandindo as formas de emprego da erva-mate em diversos produtos. "Estamos divulgando a erva-mate para o mundo. A Alemanha vem produzindo cerveja de erva-mate e na Itália a erva-mate é empregada na fabricação de sorvetes. A Expodireto Cotrijal é importante para que possamos mostrar aos visitantes de outros países e viabilidade e valor da erva-mate", afirmou Zonin.

Setor florestal ainda pode crescer no Estado

Os produtores florestais, também enfrentam dificuldades com a mão de obra. Para amenizar a falta de mão de obra, uma empresa suíça apresentou uma máquina voltada à colheita de madeira. O equipamento, é composto de uma cabine, um sistema hidráulico que permite acesso a terrenos com inclinações graves e até mesmo na água, em profundidade máxima de dois metros.

O engenheiro agrônomo também desfez um mito recorrente quanto ao cultivo do eucalipto, de que a planta tende a consumir a água utilizada na irrigação, dificultando o desenvolvimento de outras culturas dentro da propriedade. "Muita gente condena o eucalipto. Quando o eucalipto é plantado em uma região próxima de um banhado, por exemplo, a água escapa pelas raízes da árvore, que acaba cumprindo um papel importante de drenagem desta água. Um hectare de eucalipto consome a mesma quantidade de um hectare de milho ou outra cultura", explicou Zonin.

Além da indústria de papel, o eucalipto também poderá ser utilizado como fonte de energia de biorefinarias que devem ser instaladas na Região Sul do Estado, utilizando, além do eucalipto, triticale, arroz gigante, batata-doce e sorgo para a produção de etanol.