Cadastro a passo de tartaruga
Indefinição sobre bioma Pampa é um dos entraves que põem Estado na lanterna nacional
Faltando cerca de um mês e meio para o fim do prazo, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) avança a passos lentos no Rio Grande do Sul. A indefinição sobre as regras do bioma Pampa e a incerteza do produtor diante do desacerto entre governo e entidades põem o Estado, hoje, no último lugar no ranking nacional.
Outro fator para o atraso no registro é o medo do produtor em informar diante da histórica relação conturbada com órgãos ambientais, sem contar a falta de punições mais severas a quem descumprir o prazo – a proibição de acesso ao crédito só vale em 2017.
Diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará Filho aponta o desacordo entre governo e entidades como principal problema. E cita que o RS é o Estado que mais teve profissionais capacitados:
- Seja por embate político, técnico ou ato deliberado de certa área, o maior prejudicado é o produtor.
Para aumentar a adesão, Deusadará salienta que, em abril, haverá uma campanha nacional de mobilização. O governo federal ainda avalia a possível extensão do prazo por mais um ano, como prevê a lei.
No Estado, o maior entrave é a discordância sobre as regras para o bioma Pampa, o que fez a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) e a Federação da Agricultura (Farsul) orientarem os produtores a não se cadastrarem.
- Em relação ao bioma Mata Atlântica, que abrange a maioria das áreas, recomendamos que seja feito. Sobre o Pampa, há interpretações diferentes - diz Eduardo Condorelli, assessor técnico da Farsul.
Ele ainda aponta outros problemas: dificuldades técnicas e a complexidade do tema. Por isso, crê na prorrogação do prazo como um ato de "bom senso" do governo:
- Não queremos cadastrar de qualquer jeito, mas do modo ideal.
Secretária-adjunta do Ambiente do RS, Maria Patricia Möllmann crê em cumprir o prazo e diz que há muitos cadastros pré-prontos à espera de desfecho sobre o Pampa:
- O principal ponto é o ajuste com as federações, o quanto antes.
Fonte: Zero Hora