O preço do trigo argentino deve cair pelo menos 30% para ganhar competitividade no mercado internacional. Mesmo com a Tarifa Externa Comum (TEC) fixada a 10% para importação fora do Mercosul, o cereal norte-americano chega quase 10% mais barato no Brasil.
Na próxima semana, Wagner Rossi, ministro da Agricultura, deve se reunir com toda a cadeia produtiva para definir um acordo sobre a TEC. O setor pede elevação da tarifa para 35%. Rossi deverá propor um condicionamento da importação do cereal à compra do produto nacional.
De acordo com Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, o trigo da Argentina, mais despesas com o frete e o dólar cotado a R$ 1,83, custa à indústria nacional US$ 280, enquanto o grão dos EUA é entregue a US$ 256.
Dados da AF News mostram que nos quatro primeiros meses deste ano, o Brasil importou 34,88 mil toneladas de trigo do Canadá e 42,53 mil toneladas dos Estados Unidos. Do total importado até abril - 2,35 milhões de toneladas - 70% vieram da Argentina e o restante, subtraídos os volumes norte-americano e canadense, chegaram do Uruguai e Paraguai.
No Brasil, apesar do produto comercializado abaixo do preço mínimo de referência, determinado pelo governo federal, pela baixa qualidade disponível, não compensa. Segundo o presidente do Pacífico, se a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) disponibilizar no mercado os 1,2 milhão de trigo de seus estoques, não terá garantia de que negócios serão gerados. "O governo [federal] deveria subsidiar esse trigo para ração", afirma.
Segundo Ana Paula Kowalski, analista de mercados agrícolas da AF News, o cereal distribuído hoje no País está com os principais parâmetros necessários para obter uma boa classificação abaixo dos patamares mínimos. "A qualidade do trigo está baixa, especialmente no que se refere ao peso hectolitro do grão [ph] e força do glúten, cruciais para a produção de farinhas especiais", explica.
Para a analista, além do excesso de oferta mundial de trigo, o fato de o Brasil também possuir quantidade elevada do grão (ruim) tem causado queda nos preços, que já chega a 5% desde o início deste ano no Paraná.
Do lado dos produtores, a resposta aos preços e comercialização desfavoráveis veio com a redução de área cultivada. "A redução de área é reflexo do sentimento do produtor", diz Narciso Barison, presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem).
Fonte: CI - Diário do Comércio & Indústria