A Mesa Redonda da Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês) pretende lançar já no ano que vem o primeiro "selo verde" mundial destinado especificamente para a commodity. A associação internacional que reúne produtores, indústria e organizações ambientalistas, encerrou ontem (10), em São Paulo, a V Conferência Internacional da Soja Responsável, com a aprovação das regras que guiarão a implementação do sistema de certificação.
Todas as variedades do grão estarão aptas à certificação - convencionais, orgânicos e transgênicos. A expectativa é de que os primeiros carregamentos certificados ocorram na próxima safra, que começa a ser semeada no Brasil no segundo semestre para ser colhida no início de 2011.
Para obter o selo, os produtores signatários da RTRS deverão seguir normas e critérios definidos no ano passado, e cujos ajustes finais foram acertados ontem. Entre eles está a determinação de uma "data de corte" para o desmatamento: os sojicultores se comprometem a não derrubar matas nativas a partir de maio de 2009. "Cerca de 90% dos produtores estão aptos a ter a certificação", calcula o tesoureiro da RTRS, Christopher Wells.
A alta participação se explica porque a grande maioria dos produtores de soja do país, no Mato Grosso, já avançaram bastante sobre a floresta antes dessa data de corte. O grande desafio será evitar derrubadas nas áreas para onde a produção caminha. "O problema não é a soja atual, mas as plantações que virão até 2050. Estamos nos preparando agora para a soja suja", diz Jeroen Douglas, presidente da RTRS.
O cultivo de soja é o que cresceu de forma mais exponencial nos últimos 15 anos. De acordo com Douglas, a área destinada à commodity deverá subir de 105 milhões de hectares para 160 milhões em 40 anos. E parte desse avanço certamente passará pelo Brasil.
A "soja suja", neste caso, tem endereço geográfico: Maranhão, Piauí e Tocantins, a nova fronteira agrícola do país.