O setor moageiro de trigo no Brasil já está em alerta diante da explosão dos preços do cereal. As indústrias que importam estão se deparando com altas superiores a 30% em comparação com cotações feitas há 30 dias. A maior valorização está sendo observada nos Estados Unidos, um dos grandes exportadores do cereal. O país é a principal alternativa de fornecimento neste momento em que não há oferta de trigo argentino.
Segundo levantamento do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), em 29 de junho a tonelada do cereal americano posto FOB (Free on Board) no Golfo do México era de US$ 178. Ontem, a mesma tonelada estava valendo US$ 240, alta de 35%. Na Argentina, onde há pouca disponibilidade do cereal, o ganho acumulado nos últimos 30 dias foi de 15%, segundo o sindicato.
Christian Mattar Saigh, vice-presidente do Sindustrigo, diz que a necessidade de aquisição de trigo importado é de cerca de 400 mil toneladas por mês. Apesar de alguns moinhos estarem relativamente abastecidos, essa não é a realidade de 100% do setor e haverá necessidade de se buscar trigo no mercado externo entre este mês e início de outubro, quando entra a safra brasileira.
Ele afirma que uma solução possível é colocar no mercado, por meio de leilões governamentais, as cerca de 1 milhão de toneladas do cereal da safra passada. "Apesar de ser de menor qualidade, esse volume pode ajudar na mistura com o cereal superior", diz Saigh.
Fonte: Valor Econômico